sexta-feira, 4 de março de 2011

Já Não Me Lembrei de Minhas Dores

“Já Não Me Lembrei de Minhas Dores” (Craig A. Cardon, Tambuli, Abril de 1993)

“Por que eu ainda me lembro dos meus pecados?”, perguntou a mulher que se sentou em meu escritório. Ela estava angustiada, mas ainda assim tinha o desejo de compreender.
Na época, eu estava servindo como presidente de missão e esta irmã veio procurar meu conselho sobre a questão que lhe vinha afligindo por algum tempo.
Ela me disse que anos antes havia cometido um sério pecado. Ela havia se confessado ao seu líder do sacerdócio e havia seguido o conselho de buscar o perdão do Senhor, da Igreja e das pessoas envolvidas. Ela mudou sua vida e agora estava obedecendo aos mandamentos. Ainda assim, as coisas que ela havia feito retornavam à sua mente de tempos em tempos.
“O Senhor disse que quando nos arrependemos, somos perdoados,” disse ela, e que Ele “... deles não mais me lembro.” (Ver D&C 58:42). Mas se eu ainda posso me lembrar de meus pecados, isto seguramente deve significar que eu não me arrependi completamente e que o Senhor não me perdoou. O que mais posso fazer? Como saberei que o Senhor me perdoou?”
Eu lhe fiz algumas perguntas e me convenci de que sua atitude era de arrependimento, obediência e sinceridade. Então, eu a convidei para abrir as escrituras. Juntos, lemos as ordens do Senhor para perdoarmos uns aos outros e perdoar toda a humanidade. Eu lhe disse que se devemos perdoar uns aos outros, devemos perdoar a nós mesmos.
Ela aceitou o princípio de perdoar aos outros, mas a idéia de perdoar a si mesma ainda era muito difícil para ela. Outras escrituras trouxeram respostas semelhantes. Ela não estava consolada.
Em seguida, começamos a ler sobre o princípio da fé em Jesus Cristo. Apesar de orar silenciosamente para que o Senhor guiasse nossa conversa, não estava preparado para o ensinamento de grande impacto que o Espírito em breve nos daria. Eu me senti pronto a abrir o Livro de Mórmon em Alma, capítulo 36, que atualmente estava lendo em meu estudo pessoal das escrituras.
Eu lhe perguntei se ela poderia ler em voz alta as palavras de Alma ao seu filho Helamã: “E aconteceu que enquanto eu estava sendo assim atormentado e enquanto eu estava perturbado pela lembrança de tantos pecados, eis que me lembrei também de ter ouvido meu pai profetizar ao povo sobre a vinda de um Jesus Cristo, um Filho de Deus, para expiar os pecados do mundo” (versículo 17). A escritura soou como se fosse dirigida especificamente para ela! Foi interessante notar que assim como Alma se lembrou de seus pecados, ele também se lembrou da Expiação.
Ela continuou a ler: “Ora, tendo fixado a mente neste pensamento, clamei em meu coração: Ó Jesus, tu que és Filho de Deus, tem misericórdia de mim que estou no fel da amargura e rodeado pelas eternas correntes da morte” (versículo 18). O clamor desta irmã era igual ao de Alma!
Então ela leu o versículo 19: “E então, eis que quando pensei nisto, já não mais me lembrei de [meus pecados]...”
As palavras pularam da página sobre mim. Ela as havia lido errado! As palavras não eram “meus pecados”. Eu lhe pedi que lesse o versículo novamente. O Espírito me sussurrou que ela estava para receber uma resposta à pergunta que havia lhe causado tanta angústia
Sem mover seus olhos da página, ela silenciosamente releu o versículo. Seus olhos começaram a se encher de lágrimas enquanto ela chegava ao entendimento. Suavemente, com dificuldade em controlar a voz, ela agora leu em voz alta: “E então, eis que quando pensei isto, já não me lembrei de minhas dores; sim, já não fui atormentado pela lembrança de meus pecados..” (itálicos adicionados).
Seus olhos não estavam cheios de lágrimas de angústia, mas, em vez disso, de felicidade, compreensão, e aceitação.
Nos anos até aquela comovente experiência, eu havia tido a feliz oportunidade de estar presente em um número de vezes em que o Senhor abençoou alguém com o entendimento destes princípios.
Aquelas experiências — e Alma 36 — tornaram claro para mim que quando nos arrependemos sinceramente e exercemos fé no Senhor e em sua Expiação, nós somos perdoados. A lembrança de nossos pecados passados talvez venha às nossas mentes de tempos em tempos, mas se nós também nos lembrarmos da realidade da Expiação, não mais nos lembraremos de nossas dores. Não seremos mais atormentados pela lembrança de nossos pecados.
Então nós também poderemos nos sentir como Alma se sentiu: “E oh! Que alegria e que luz maravilhosa contemplei! Sim, minha alma encheu-se de tanta alegria quanto havia sido minha dor!” (Alma 36:20).

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