A Lâmpada do Senhor (Élder Boyd K. Packer, A Liahona, out/1983, pp.27/37)
Não aprendemos as coisas espirituais da mesma forma que aprendemos outras coisas que sabemos, embora se possam usar auxílios como ler, estudar e ponderar. Aprendi que ensinar e aprender coisas espirituais requer uma atitude especial. Existem certas coisas que sabemos ou podemos vir a saber, que são bastante difíceis para ensinar a outros. Estou convencido de que assim deve ser.
Qual é o Paladar do Sal?
Antes de ser chamado como autoridade geral, tive uma experiência que me afetou profundamente. Estava sentado no avião, ao lado de um ateu confesso que tanto insistiu em sua descrença que lhe prestei meu testemunho.
– O senhor está enganado – disse-lhe. Deus existe. E sei que Ele vive! Ao que ele protestou:
– O senhor não sabe. Ninguém sabe! Simplesmente não pode sabê-lo!
Como não recuei, o ateu, que era advogado, fez a pergunta provavelmente mais difícil na questão do testemunho.
– Muito bem – falou de maneira sarcástica, condescendente –, o senhor afirma que sabe. Diga me como o sabe.
– Quando tentei responder, apesar de todos os meus estudos, não soube como.
– Às vezes, vocês, jovens missionários ficam embaraçados quando pessoas cínicas, céticas os tratam com desprezo, por não terem resposta para tudo. Diante de tal ridículo, alguns se afastam envergonhados. [Lembram-se da barra de ferro, do edifício espaçoso e dos zombadores? (1Néfi 8:28)]
Quando usei os termos espírito e testemunho, o ateu retrucou: “Não sei do que está falando”.As palavras oração, discernimento e fé também não lhes significaram nada. “Como vê”, comentou, “o senhor não sabe. Se soubesse seria capaz de me explica como o sabe.”
Achei que provavelmente fora insensato prestar-lhe meu testemunho e fiquei sem saber o que fazer. Então tive a experiência! Lembrei-me de uma coisa. E quero mencionar aqui uma declaração do Profeta Joseph Smith: “Uma pessoa poderá beneficiar-se, se percebe o primeiro embate do Espírito de revelação. Por exemplo, quando sentis que a inteligência pura flui para vós, isto irá repentinamente, despertar uma corrente de idéias... e assim, por conhecer e aceitar o Espírito de Deus, podereis crescer mais no princípio da revelação, até que chegueis a ser perfeitos em Cristo Jesus.” (Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, pp.146-47.)
Ocorreu-me uma dessas idéias, e disse ao ateu:
– Gostaria de saber se o senhor conhece o gosto do sal.
– Lógico que conheço – foi sua resposta.
– Quando foi a ultima vez que provou sal?
– Há pouco, no jantar.
– Então o senhor pensa saber qual o gosto do sal?
Ele afirmou: – Sei qual é o gosto do sal, tão bem quanto é possível saber-se alguma coisa.
– Se eu lhe desse um pouco de sal e um pouco de açúcar para provar, saberia diferenciar o sal do açúcar?
– Agora o senhor está ficando infantil – rebateu. Lógico que saberia a diferença. Conheço o gosto do sal. É uma experiência cotidiana... uma coisa que sei com certeza.
– Então – respondi –, explique-me o gosto do sal como se eu o desconhecesse.
– Depois de refletir um pouco, começou gaguejando: – Bem, não é ...doce e ... nem azedo.
– Até agora está me dizendo o que não é, e não o que é.
Depois de diversas tentativas, obviamente foi obrigado a desistir. Não foi capaz de transmitir, só com palavras, uma coisa tão corriqueira como o paladar do sal. Então voltei a prestar-lhe o meu testemunho:
– Sei que Deus existe. O senhor ridicularizou este testemunho, dizendo que, se eu realmente soubesse, seria capaz de explicar como o sei. Meu amigo, falando espiritualmente, eu provei do sal. Não posso dizer-lhe com palavras como adquiri esse conhecimento, assim como o senhor não consegue dizer-me o gosto do sal. Afirmo mais uma vez, Deus existe! Ele vive! E não tente me convencer de que não sei, só porque o senhor não sabe. Eu sei!
Na despedida, ouviu-o murmurar: “Não preciso de sua religião como muleta! Não preciso dela.”
A partir daí, nunca mais fiquei embaraçado ou envergonhado de não conseguir explicar apenas com palavras o que sei espiritualmente. O apóstolo Paulo o colocou assim:
“...falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as materiais.
“Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não podem entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” (1 Cor. 2:13-14)
Não Só com Palavras
Não podemos transmitir conhecimento espiritual só com palavras, mas sim mostrar aos outros com palavras como preparar-se para receber o Espírito. O próprio Espírito há de ajudar. “Quando um homem fala pelo poder do Espírito Santo, esse poder leva suas palavras aos corações dos filhos dos homens.” (2 Néfi 33:1)
Então, tendo uma comunicação espiritual, podemos dizer a nós mesmos: É isso! É isso que se quer dizer com as palavras na revelação. Depois, se cuidadosamente escolhidas, as palavras servem para ensinar coisas espirituais.
Não dispomos de palavras (nem mesmo as escrituras têm) para descrever perfeitamente o Espírito. As escrituras costumam utilizar a palavra voz, que não se aplica precisamente. Essas comunicações espirituais delicadas, puras não as vemos com os olhos, nem ouvimos com os ouvidos. E apesar de serem descritas como uma voz, é uma voz mais sentida que ouvida.
Depois de compreender isso, certo versículo do Livro de Mórmon assumiu um sentido profundo para mim, e meu testemunho desse livro aumentou consideravelmente. Quando Lamã e Lemuel se rebelaram, Néfi os repreendeu, dizendo: “Haveis visto um anjo que vos falou; sim, haveis ouvido sua voz de quando em quando; e ele vos falou com uma voz mansa e delicada, porém havíeis perdido a sensibilidade, de modo que não pudestes perceber suas palavras.” (1 Néfi 17:45; grifo nosso.)
A Voz dos Anjos
Néfi, em seu grande e profundo discurso, explica que os “anjos falam pelo poder do Espírito Santo, falam, pois, as palavras de Cristo. Por isto eu vos disse: Banqueteai-vos com as palavras de Cristo... pois eis que as palavras de Cristo vos dirão todas as coisas que deveis fazer”.(2 Néfi 32:3)
Caso aparecesse um anjo para conversar com vocês, nem vocês nem eles estariam obrigados a usar os olhos ou ouvidos para se comunicarem. Pois há aquele processo espiritual chamado revelação, descrito pelo Profeta Joseph Smith, no qual a inteligência flui para a nossa mente, capacitando-nos a saber o de que precisamos, sem necessidade de que o estudo ou a passagem do tempo nos revele.
E disse mais o Profeta:
“Todas as coisas, sejam quais forem, que Deus, em sua infinita sabedoria, achou conveniente revelar-nos, enquanto vivemos na mortalidade, a respeito de nossos corpos mortais, são-nos reveladas de maneira abstrata... são reveladas ao nosso espírito precisamente como se não tivéssemos corpo algum. E essas revelações, resgate de nossos espíritos, salvarão nossos corpos.” (Ensinamentos, p.347)
A Voz Mansa e Delicada
As escrituras descrevem a voz do Espírito como nem áspera, nem forte. Não é uma voz de trovão, nem de ruído tumultuoso, mas antes uma voz maviosa, cheia de suavidade, semelhante a um sussurro, que penetrava até o mais profundo da alma e fazia o coração arder. (3 Néfi 11:3; Helamã 5:30; D&C 85:6-7) Lembrem-se, Elias descobriu que a voz do Senhor não estava no vento, nem no terremoto, nem no fogo, mas era uma voz mansa e delicada. (1 Reis 19:12)
O Espírito não procura chamar atenção, gritando ou sacudindo-nos com mão pesada. Ele sussurra. Afaga-nos com tanta delicadeza que, se estivermos preocupados, talvez nem cheguemos a percebê-lo. (Não admira que haja sido revelada a Palavra de Sabedoria, pois, como poderia o bêbado ou drogado perceber uma voz assim?).
Vez por outra, ele nos toca com firmeza suficiente para prestarmos atenção. Normalmente, contudo, se não percebemos o seu delicado afago, o Espírito se afasta e espera até que o busquemos e atentemos e digamos, à nossa própria maneira, como Samuel em outros tempos: “Fala (Senhor), porque o teu servo ouve”. (1 Samuel 3:10)
As Experiências Espirituais São Raras
Aprendi que experiências espirituais fortes e impressivas não são freqüentes. E quando acontecem, é para nossa própria edificação, instrução ou repreensão. A menos que tenhamos sido chamados pela devida autoridade nesse sentido, não nos colocam em posição de aconselhar ou corrigir os outros.
Não Falar Levianamente das Experiências
Convenci-me também de que não é sábio falar continuamente de experiências espirituais inusitadas. Elas devem ser cuidadosamente resguardadas, e compartilhadas só quando o próprio Espírito nos induz a falar delas em benefício dos outros. Lembro-me constantemente das palavras de Alma: “É dado a muitos conhecer os mistérios de Deus; é-lhes, porém, absolutamente proibido divulgá-los, a não ser a parte de sua palavra que ele concede aos filhos dos homens, de acordo com a obediência e atenção que lhe dispensam”. (Alma 12:9)
Ouvi certa vez o Presidente Marion G. Romney recomendar a presidentes de missão e suas esposas: “Não conto tudo o que sei; nunca contei tudo o que sei nem a minha mulher, pois descobri que, se falasse levianamente das coisas sagradas, o Senhor não mais confiaria a mim”.
Devemos, acredito, guardar essas coisas e ponderá-las no coração, como, segundo Lucas, Maria fez com os acontecimentos divinos em torno do nascimento de Jesus. (Ver Lucas 2:19.)
As Coisas Espirituais Não Se Deixam Forçar
Há mais uma coisa que precisamos aprender. Nenhum testemunho nos é imposto, ele cresce pouco a pouco. Nós crescemos no testemunho exatamente como crescemos em estatura física; e mal percebemos o que acontece, porque se dá pouco a pouco.
Não é sábio exigir respostas ou bênçãos imediatas, ao nosso bel-prazer. Não podemos forçar as coisas espirituais. Palavras como compelir, coagir, constranger, pressionar, exigir, não descrevem os nossos privilégios para com o Espírito. Assim como não se pode forçar uma semente a brotar ou um ovo a chocar antes do tempo, também não podemos forçar uma semente a forçar uma resposta do Espírito. Podemos, sim, criar um clima propício à germinação, crescimento e proteção; mas não podemos forçar ou compelir – somos obrigados a aguardar que cresça.
Não sejam impacientes na aquisição de grande conhecimento espiritual. Deixem que cresça, ajudem-no a crescer, mas não forcem, pois, senão, podem correr o perigo de ser enganados.
Utilizar Todos os Nossos Recursos
Espera-se que utilizemos a luz e conhecimento que já temos para governar nossa vida. Não devemos precisar de uma revelação para nos ensinar a cumprir nosso dever, pois isto já nos foi explicado nas escrituras; tampouco devemos esperar revelações em substituição à inteligência espiritual ou temporal que já recebemos – apenas para expandi-la. Precisamos governar nossa vida de maneira prática, comum, seguindo as rotinas, regras e regulamentos aplicáveis. Regras, regulamentos e mandamentos são uma valiosa proteção. Caso necessitemos de revelação para uma eventual alteração do curso, ela nos será dada na hora oportuna. A recomendação de nos ocupar zelosamente é sem dúvida, um sábio conselho. (D&C 58:27)
Natanael ou Tomé?
A espiritualidade das pessoas difere imensamente. Quando Filipe contou a Natanael haver encontrado “aquele de quem Moisés... e os profetas (escreveram): Jesus de Nazaré, filho de José”, a resposta foi: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?”.
Filipe disse: “Vem, e vê”. Ele foi e viu. O que não deve ter sentido Natanael! Pois, sem objeções, exclamou: “Rabi, tu és o Filho de Deus”.
O Senhor o bendisse por sua fé, dizendo: “Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subirem e descerem sobre o Filho do Homem”. (João 1:45-51)
O caso de Tomé foi diferente; o testemunho conjunto de dez apóstolos não bastou para convencê-lo de que Jesus ressuscitara; queria uma prova concreta. “Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos e não meter minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei”. (João 20:25)
Passados oito dias, o Senhor apareceu: “Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente”. Depois de ver e sentir pessoalmente, Tomé respondeu: “Senhor meu, e Deus meu!”.
Então o Senhor lhe ensinou uma profunda lição: “Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurado os que não viram e creram.” (João 20:25-29, grifo nosso.)
Tomé duvidou; bem ao contrário de Natanael, do qual o Senhor diz: “Não há dolo”. (João 1:47) Com Tomé, era “ver para crer”; com Natanael foi o contrário – crer para depois ver “o céu aberto e os anjos de Deus subirem e descerem sobre o Filho do Homem”. (João 1:51)
Mais Poderoso do que Pensam
Bem, não fiquem constrangidos ou envergonhados por não saberem tudo. Diz Néfi: “Sei que ama seus filhos; não conheço, no entanto, o significado de todas as coisas”. (1 Néfi 11:17)
Pode haver mais poder em seu testemunho do que pensam. O Senhor disse aos nefitas: “Todo aquele que a mim vier com um coração quebrantado e espírito contrito, eu o batizarei com fogo e com Espírito Santo, da mesma forma que com os lamanitas, em virtude de sua fé em mim, na época de sua conversão, foram batizados com fogo e com Espírito Santo, sem que o soubessem”. (3 Néfi 9:20, grifo nosso.)
Faz alguns anos, encontrei-me com um de nossos filhos num distante campo missionário, onde estava havia um ano. Sua primeira pergunta foi: “Pai, como posso crescer espiritualmente? Tenho tentado tanto, mas parece que não fiz nenhum progresso”.
Era o que ele pensava; eu o via diferente. Mal conseguia acreditar que, num único ano, conseguira tanta maturidade e progresso espiritual. Ele não o percebera, pois viera pouco a pouco, não como uma assombrosa experiência espiritual.
Por Onde Começar
Não é raro ouvir um missionário dizer: “Como posso prestar testemunho, não o tendo? Como testificar que Deus vive, que Jesus é o Cristo e que o evangelho é verdadeiro? Se não tenho esse testemunho, não seria desonesto?”.
Quisera poder ensinar-lhes este único princípio. O testemunho é encontrado quando se presta! Nalgum ponto da busca de conhecimento espiritual, acontece um “salto de fé”, como o chamam os filósofos. É o momento em que chegam ao fim da luz e dão um salto no escuro, descobrindo então que o caminho à frente está iluminado apenas o suficiente para um ou dois passos. “A alma do homem”, dizem as escrituras, “é a Lâmpada do Senhor”. (Provérbios 20:27)
Uma coisa é receber um testemunho pelo que leram ou ouviram alguém dizer; e isto é necessário para começar. Sentir o Espírito confirmar em seu peito que aquilo é verdade, é coisa bem diferente. Percebem que isso acontecerá à medida que o compartilham? Dando o que possuem, recebê-lo-ão de volta, com reforço!
Éter, o profeta, profetizou ao povo grandes e maravilhosas coisas, nas quais, entretanto, o povo não acreditou, porquanto não as via. “E, agora, eu, Morôni,... quisera mostrar ao mundo que a fé são coisas que se esperam, mas não se vêem; portanto, não disputeis pelas coisas que não virdes, porque não recebereis testemunho senão depois da prova de vossa fé”. (Éter 12:6)
Ele os Amparará
Se falarem com humildade e sincera intenção, o Senhor não os abandonará à própria sorte. É o que as escrituras prometem. Considerem esta:
“Portanto, na verdade vos digo, erguei as vossas vozes a este povo; falai os pensamentos que eu puser em vossos corações, e não sereis confundidos (notem o tempo futuro) perante os homens;
Pois naquela mesma hora, sim, naquele mesmo instante, ser-vos-á dado (novamente no futuro) o que falar.
Mas um mandamento vos dou, tudo o que declarardes em meu nome, que o façais com seriedade de coração, com mansidão de espírito, em todas as coisas.
Eu vos prometo que, se fizerdes isto, o Espírito Santo se derramará para testificar de todas as coisas que disserdes.” (D&C 100:5-8)
Os céticos poderão dizer que prestar testemunho sem saber que se tem um, é condicionar-se a si próprio; porém, é um argumento forjado. Uma coisa é certa, os céticos nunca saberão, pois não preenchem os requisitos da fé, humildade e obediência que os qualificariam para a visitação do Espírito.
Percebem que é justamente assim que o testemunho é oculto, protegido perfeitamente do insincero, do intelectual, do mero curioso,
do arrogante, do descrente, do orgulhoso? Eles não o obterão.
Prestem testemunho das coisas que esperam ser verdade, como um ato de fé. É como que uma prova semelhante ao experimento proposto por Alma a seus seguidores. Começamos com a fé – não com o perfeito conhecimento das coisas. Esse sermão, no capitulo trinta e dois de Alma, é uma das maiores mensagens das santas escrituras, pois é endereçado ao principiante, ao novato, ao humilde pesquisador. E contém a chave para o testemunho da verdade.
Vocês obterão o Espírito e o testemunho de Cristo principalmente se o compartilharem, e só assim o conservarão. Neste processo reside à própria essência do evangelho. Não é isto uma demonstração perfeita de cristianismo? Não se pode encontrá-lo, nem ampliá-lo, a menos que se esteja disposto a compartilhá-lo. É distribuindo-o liberalmente que se torna nosso.
O Espírito Pode Afastar-se
Bem, depois de tê-lo obtido, sejam obedientes aos seus influxos. Aprendi com uma amarga experiência como presidente da missão. Além disso, eu era uma autoridade geral. Por diversas vezes o Espírito me movera a desobrigar um de meus conselheiros, a bem da obra. Além de orar a respeito, ponderara que era o que eu devia fazer. Mas não o fiz. Temia magoar um homem que prestara grandes serviços à Igreja.
O Espírito afastou-se de mim. Não conseguia nenhuma idéia de quem devia chamar como novo conselheiro, caso desobrigasse o que tinha. Isso levou diversas semanas. Minhas preces pareciam não ultrapassar as quatro paredes. Tentei várias alternativas na gestão da obra, sem resultado. Finalmente, fiz o que recomendara o Espírito. Imediatamente ele voltou a manifestar-se! Que maravilha tê-lo de volta! Vocês sabem como é, pois têm o dom do Espírito Santo. E o irmão não ficou magoado. Na verdade foi muito abençoado, e logo em seguida a obra começou a progredir.
Podemos Ser Enganados
Estejam sempre em guarda, a fim de não serem enganados pela inspiração de origem imprópria. Vocês podem receber mensagens espirituais falsas. Existem espíritos falsos, exatamente como há falsos anjos. (Morôni 7:17) Tenham cuidado para não se deixarem enganar, pois o demônio pode aparecer disfarçado de anjo de luz.
A nossa parte espiritual e parte emocional são tão intimamente ligadas que é possível tratar um impulso emotivo como algo espiritual. Ocasionalmente, encontramos pessoas que recebem o que julgam ser influxos espirituais de Deus, quando tais influxos são meras manifestações emotivas ou do adversário.
Evitem como uma praga aqueles que dizem que alguma grande experiência espiritual os autoriza a desafiar a autoridade eclesiástica constituída da Igreja. Não se perturbem se não conseguem explicar alguma insinuação dos apóstatas ou todos os desafios de inimigos que atacam a Igreja do Senhor. Atualmente estamos enfrentando muitos ataques à Igreja; no devido tempo, seremos capazes de confundir os iníquos e inspirar os homens honestos de coração.
Somos Capazes de Fazer a Obra do Senhor
Existe grande poder na obra do Senhor, poder espiritual. O membro comum da Igreja, como vocês, tendo recebido o Espírito Santo na confirmação, é capaz de fazer a obra do Senhor.
Anos atrás, um amigo já falecido contou-me esta experiência. Ele tinha então dezessete anos e era seu primeiro dia de missão. Ele e o companheiro pararam numa casa de campo, a primeira casa que batiam como missionários. Uma mulher grisalha apareceu à porta, perguntando o que queriam. Seu companheiro cutucou-o para que falasse. Assustado, com um nó na garganta, finalmente falou a primeira coisa que lhe veio à mente: “O homem é como Deus já foi, e poderá vir a ser como Deus é.”
Por mais estranho que pareça, ela interessou-se e perguntou de onde tirara aquilo. Ele disse: “Da Bíblia.” Afastou-se por um momento e voltou com a Bíblia. Dizendo-se ministro de uma congregação, entregou-a a ele e mandou: “Aqui está, mostre-me onde.”
Pegando a Bíblia pôs-se a folheá-la nervosamente. Finalmente a devolveu, dizendo: “Não consigo encontrar. Nem mesmo estou certo de que esteja aí, e mesmo que estivesse, não conseguiria encontrar o trecho. Sou um pobre rapaz da roça, lá do vale Cache, em Utah. Não tenho muita instrução. Mas venho de uma família na qual se vive o Evangelho de Jesus Cristo. E o Evangelho tem feito tanto para nós, que aceitei o chamado para uma missão de dois anos, às minhas próprias custas, para dizer ao povo o que sinto a respeito dele”.
Passado meio século, ainda não conseguia reter as lágrimas, ao contar como a senhora franqueou a porta, dizendo: “Entrem, rapazes, gostaria de ouvir o que vocês têm a dizer”.
Há grande poder nessa obra, e o membro comum dessa Igreja, amparado pelo Espírito, é capaz de fazer a obra do Senhor.
Ainda haveria muito mais a dizer. Poderia falar de oração, jejum, sacerdócio e autoridade, de dignidade – todos elementos essenciais à revelação. Quando bem compreendidos, todos se encaixam perfeitamente. Mas certas coisas a gente precisa aprender pessoalmente e sozinho, ensinado pelo Espírito.
Néfi interrompeu seu grande sermão a respeito do Espírito Santo e dos anjos, dizendo: “E agora... não posso dizer mais; o Espírito encerra minha fala.” (2 Néfi 32:7) Fiz o melhor que pude com minhas palavras. Talvez o Espírito tenha aberto um pouquinho o véu ou lhes confirmado um sagrado princípio de revelação, da comunicação espiritual.
Sei, por experiência sagrada demais para contar, que Deus vive, que Jesus é o Cristo, que o dom do Espírito Santo conferido a nós na confirmação é um dom divino.
O Livro de Mórmon é verdadeiro!
Esta é a Igreja do Senhor! Jesus é o Cristo! Somos presididos por um profeta de Deus! O dia dos milagres não cessou, tampouco as aparições de anjos aos homens! Os dons espirituais estão na Igreja, destacando-se entre eles o dom do Espírito Santo! ■
sexta-feira, 4 de março de 2011
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A definição de “Verdade” é “o contrário de erro”. Verdade significa estar em harmonia com um fato. É correto. Verdade é ação, é quando a consciência humana concorda com o intelecto. A Verdade é “UMA”. Só pode haver uma verdade, Jo 17,17-23. Qualquer variação de uma verdade não é mais verdade, é erro.
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