sábado, 16 de maio de 2009

João e Maria Iniciam a Vida Juntos

New Era » 1975 » June
João e Maria Iniciam a Vida a Dois
Presidente Spencer W. Kimball
Spencer W. Kimball, John and Mary, Beginning Life Together", New Era, Jun 1975, 4
Extraído de Faith Precedes the Miracle, Deseret Book Co., 1972).
À minha frente, senta-se um adorável e jovem casal. Vieram convidar-me para oficiar sua cerimônia de casamento amanhã no templo do Senhor. O jovem tem olhos penetrantes, cabelos anelados e um sorriso cativante. A jovem é vivaz e graciosa, e seus cabelos escuros acrescentam fulgor a seu rosto encantador. Ela olha com doçura para o namorado, várias vezes. Demonstram o amor da juventude em sua fase mais doce e elevada. Enquanto estão confortavelmente sentados lado a lado, com as mãos às vezes se tocando, digo a eles:
Então, João e Maria, vocês vão se casar! E é amanhã o grande dia! Estou feliz que esse momento sagrado de sua vida esteja tão próximo! Parabéns, desejo-lhes eterna felicidade. É o que vocês desejam – e podem alcançar – se fizerem as coisas que lhes direi hoje.
A felicidade, no entanto, é algo ilusório, meus jovens. Ela se parece com a lenda do pote de ouro no fim do arco-íris. Se forem com muita ânsia ao pote, não conseguirão retê-lo. Porém, se seguirem as instruções, não precisarão correr atrás do que buscam. A felicidade que almejam os alcançará e permanecerá com vocês.
A felicidade é um bem peculiar. Não é possível comprá-la com dinheiro, mas ela tem seu preço. Ela não depende da posse de casas, terrenos, rebanhos, títulos acadêmicos, posição social ou qualquer conforto material, pois muitas das pessoas mais infelizes em todo o mundo têm essas coisas. Um milionário tem luxo e conforto, mas não terá felicidade se não pagar o mesmo preço que vocês devem pagar por ela. Às vezes, os ricos são os mais infelizes.
Se vocês acham que conveniências, conforto e dinheiro são necessários para serem felizes, perguntem a seus pais e a outros que já têm a experiência de uma vida inteira. Se essas pessoas forem bem-sucedidas financeiramente, elas provavelmente lhes dirão que os dias mais felizes da vida não foram aqueles em que já estavam aposentadas, morando em mansões, com dois carros na garagem e dinheiro para viajar pelo mundo afora, mas sim aqueles em que eles planejavam e trabalhavam para fazer o salário durar até o fim do mês, quando tinham os filhos pequenos e estavam totalmente envolvidos com a vida familiar e com os chamados na Igreja.
Portanto, meus jovens, vocês podem morar em uma quitinete ou em choupana e ainda assim ser felizes. Talvez tenham de andar de ônibus ou a pé em vez de dirigirem um carro de luxo, e ainda assim ser felizes. Talvez precisem usar as mesmas roupas por anos a fio, e ainda assim ser felizes.
Então vocês perguntarão: “Qual é o preço da felicidade?” Vocês ficarão surpresos com a simplicidade da resposta. A arca do tesouro da felicidade pode ser aberta e estar sempre disponível para aqueles que usarem as seguintes chaves: primeiro, vocês devem viver o evangelho de Jesus Cristo em sua pureza e simplicidade – não com uma complacência hipócrita, mas sim com uma consagração completa e devotada ao grande programa de salvação e exaltação, de uma maneira rígida. Segundo, vocês devem esquecer-se de si mesmos e amar o seu cônjuge mais do que a si mesmos. Se fizerem essas coisas, a felicidade será alcançada em abundância constante.
No entanto, vocês precisam viver o espírito do evangelho, não apenas a sua letra. As suas atitudes são muito mais importantes do que a rotina mecânica, pois é a combinação do fazer e do sentir que trará o progresso e o crescimento espiritual, mental e temporal.
Meus jovens, parabenizo-os por sua perspectiva, sua fé e seu desejo de renunciar à ostentação e ao glamour de um casamento secular em favor de um belo, discreto e simples casamento no templo, uma cerimônia terna que será tão singela e sagrada quanto foram seu nascimento, bênção, batismo e ordenação.
Uma vez que sua família é próspera, Maria, sei que você poderia ter tudo o que o mundo pode oferecer em termos de um casamento requintado, com velas e flores, damas-de-honra e pajens. Mas você escolheu a maneira singular e sagrada – a maneira do Senhor. Eu a louvo por isso!
Vocês poderiam casar-se em um carrossel, conforme um casal fez recentemente na televisão, em que trocaram seus votos sentados em coloridos cavalos de madeira, o que lhes rendeu uma viagem de núpcias totalmente gratuita. Porém, João e Maria, vocês não quiseram banalizar essa sagrada cerimônia nem trocar “sua primogenitura por um prato de lentilhas”. Vocês estão fazendo como muitos outros santos dos últimos dias fiéis que preferem casar-se na Casa do Senhor. João e Maria, meus parabéns.
Sei que planejam realizar uma recepção depois do casamento. Essa é uma agradável oportunidade para que parentes e amigos tragam presentes e cumprimentos, mas espero que vocês continuem a evitar a tentação de seguir os extremos seculares de pompa e exibicionismo. Existe o risco de que a ostentação venha a ofuscar o próprio casamento e roubar-lhe o significado. Com bom senso e clareza de idéias, sei que vocês podem recepcionar seus convidados em um congraçamento digno, amistoso e honorável, sem os excessos tão comuns hoje.
Outra coisa, Maria. Você precisa compreender que João não terá condições de dar-lhe o mesmo padrão de vida que seu pai lhe tem dado. Seu pai teve meio quarto de século para chegar onde está, mas João está apenas começando. Por isso, talvez ele nunca venha a ter tantas posses quanto seu pai.
Além do mais, Maria, devido a sua atitude íntegra em relação à vida familiar, sei que deseja devotar a vida ao lar e à família. Portanto, quando se demitir do trabalho, você não mais terá renda para gastar consigo mesma, o que significa que muitos ajustes deverão ser feitos. Mas entendo que já pensou em tudo isso e está decidida a ir em frente. Como você sabe, Maria, nunca foi a intenção do Senhor que a mulher casada competisse com um homem em termos de emprego. As mães de família têm uma missão muito maior e mais importante. Portanto abandone seu emprego e assuma o papel de rainha do seu novo e pequeno lar, o qual você poderá transformar em um céu para o João, este homem que você adora. João trabalhará muito e fará o melhor para oferecer-lhe conforto e até mesmo luxos mais tarde, mas este é o caminho perfeito, "começarem do nada" juntos.
E, Maria, você tem muito a aprender nos próximos meses. Talvez você, como muitas outras jovens neste país, tenha se preparado para uma carreira que nunca será exercida. O reitor de uma universidade disse que cerca de noventa e dois por cento de todas as mulheres que passaram por suas escolas estudaram idiomas, matemática e negócios para só depois de se casar descobrirem que não só tinham pouco treinamento em suas áreas, como também tinham deixado de se preparar para a grande carreira de sua vida. Maria, você deve tornar-se a profissional da mais grandiosa carreira existente – a de dona-de-casa, esposa e mãe. Portanto, se por acaso não tiver se preparado para a maternidade e para cuidar do lar tanto quanto poderia, você poderá compensar isso se devotando agora a esses assuntos. Nos momentos de folga, estude psicologia e educação infantil, os elementos básicos de saúde e a arte de ensinar. Especialmente aprenda a contar histórias e ensinar os filhos. Você vai desejar assimilar toda a teoria e a prática de culinária, costura, orçamento familiar e compras.
Os ganhos limitados do João vão render muito mais se você aprender a comprar e a cozinhar com tal eficiência que nunca haja desperdício. O salário dele, ainda que pequeno, vai se estender se você aprender a fazer as roupas da família, utilizar as sobras e aproveitar as ofertas. E se você aprender os elementos básicos de primeiros socorros, vocês economizarão muito em custos médicos e hospitalares, reconhecendo os sintomas e tratando doenças mais simples. Além disso, poderá ter a satisfação de até mesmo salvar a vida de seus preciosos familiares. Dessa maneira, o que economizarem vai compensar a perda que tiverem nos rendimentos atuais.
Você não gostaria de trabalhar fora de qualquer maneira, Maria, pois se espera que as mulheres sejam provedoras apenas nas emergências. Você precisa saber também que há muitos lares desfeitos por que a mulher abandonou seu lugar neles. Compreenda que, se tanto o marido quanto a esposa trabalharem fora e chegarem em casa cansados, será muito fácil para que se estabeleçam o desconforto e os mal-entendidos. Mais ainda, Maria, se você ficar em casa tornando o lar atraente e celestial, quando o João chegar cansado, você estará descansada e calma, a casa estará em ordem, o jantar será apetitoso e toda a vida terá um significado real.
E você, João, deve se lembrar de que a vida da Maria não é sempre tranqüila. Os meses de gravidez não são fáceis e são associados a desconforto físico e muita privação. Você vai precisar ser mais solícito e compreensivo se às vezes ela ficar impaciente. Você vai precisar ajudá-la em casa e a cuidar dos filhos. Não deverá ficar fora de casa e longe da família, exceto quando tiver obrigações relativas à Igreja ou à profissão. Assim como ela, você terá de limitar sua vida social, concentrando-se naquelas atividades a que a Maria possa acompanhá-lo.
Outra coisa, meus jovens amigos: haverá a tentação de viver com os pais de um ou de outro para economizar. Não cometam esse grave erro. A partir de amanhã, vocês dois constituirão uma nova família. Parentes bem intencionados já destruíram muitos casamentos. Numerosos divórcios são atribuídos à interferência dos pais, que pensavam estar apenas protegendo aqueles a quem amavam. Vivam em seu próprio lar, ainda que seja uma choupana ou uma tenda. Tenham vida própria. Maria, nunca fique na casa de seus pais por longos períodos, deixando o João sozinho. Nem você, João, deixe a Maria sozinha, a não ser quando absolutamente necessário.
E, João, é claro que você dará tudo de si para manter o lar e o padrão de vida. Porém, você não deve ter dois ou três empregos a fim de proporcionar luxos a Maria, pois ela já fez os ajustes pessoais necessários e está disposta a viver com o que você, com bom senso, puder lhe dar. Você também vai manter um emprego compatível com uma boa vida familiar, João. Não assuma um emprego que exija que você viaje e se afaste de casa, exceto em emergências. Tanto a Maria quanto você vão preferir ter um salário menor, mas com a sua presença, do que ter muito luxo e a sua ausência. Caso seu empregador o transfira para outra cidade permanentemente, a Maria deve acompanhá-lo, mesmo que isso a afaste da família e dos amigos, e que vocês venham a morar em lugares menos desejáveis e que tenham menos oportunidades. Vocês estão se casando por essa razão – para que estejam sempre juntos.
O amor de vocês, tal como uma flor, deve ser nutrido. Um grande amor e uma interdependência entre os dois vão se desenvolver, pois esse amor é divino. Ele é profundo, compreensivo e abrangente. Ele não se assemelha àquela associação a que o mundo erroneamente chama de amor, mas que não passa de atração física. Quando o casamento se baseia apenas nessa atração física, um logo se cansa do outro. Nesse caso, vem uma ruptura e o divórcio, e depois uma nova atração física que pode levar a outro casamento que, por sua vez, vai durar apenas até que o tédio se reinstale. O amor do qual o Senhor fala não é apenas atração física, mas inclui a atração espiritual. Ele é composto também da fé, da confiança e da compreensão mútuas. Ele é uma parceria completa. Ele é o companheirismo que compartilha ideais e padrões. É também o altruísmo que leva um a sacrificar-se pelo outro. Ele é a pureza de pensamentos e de ação, de fé em Deus e em Seu plano. Significa também a paternidade e a maternidade nesta vida, com os olhos voltados para a deidade e para o objetivo de toda criação, a paternidade e maternidade de espíritos. É vasto, abrangente e ilimitado. Esse tipo de amor nunca se cansa nem evanesce. Sobrevive à doença e à dor, à prosperidade e à privação, continua nos sucessos e nos fracassos, por toda a vida e por toda a eternidade. João e Maria, esse é o amor de um pelo outro que percebo em vocês. Mas mesmo esse amor precioso e abundante murchará e morrerá se não for nutrido. Portanto, vivam e tratem um ao outro de forma a que seu amor cresça. Hoje, ele é um amor de aparência, mas nos amanhãs de dez, trinta ou cinqüenta anos, ele será muito maior e mais intenso, terá se tornado mais calmo e sido dignificado por anos de sacrifício, sofrimentos, alegria e consagração mútua, à família e ao reino de Deus.
Para que seu amor amadureça tão gloriosamente, a confiança e a compreensão devem aumentar, assim como devem ser freqüentes as mútuas expressões de apreço. Cada um de vocês deve esquecer-se de si mesmo e preocupar-se constantemente com o outro. Seus interesses, esperanças e objetivos devem seguir um rumo comum.
Meus amigos, João e Maria, muitos jovens hoje planejam adiar a vida espiritual, a atividade na Igreja e a criação de uma família até obterem um diploma ou se estabelecerem financeiramente. Porém, quando estiverem preparados, segundo seus ambiciosos padrões, terão perdido muito da inclinação, da capacidade e do tempo.
Você, João, é o cabeça da família. Você possui o sacerdócio. Proporcione a esta pequena família uma liderança justa. Amanhã, ao final do dia perfeito de seu casamento, vocês devem ajoelhar-se antes de se recolherem, em sua primeira oração familiar, e agradecer ao Senhor pelo amor que os uniu, e também por todas as Suas ricas bênçãos. Devem pedir-Lhe que os ajude a permanecer fiéis a seus convênios e a se manterem limpos, dignos e ativos. Depois, nunca deixem passar um dia sem demonstrarem essa devoção de manhã e à noite. Este é o momento de planejar o roteiro de sua vida. Determinem-se a freqüentar a reunião do sacerdócio e a sacramental todos os domingos, a pagar o dízimo fielmente, a apoiar em todas as coisas as autoridades da Igreja, a apoiar os programas da Igreja, a freqüentar sempre o templo, a servir nas organizações, a executar ações edificadoras e a ter atitudes salutares.
E, João e Maria, amanhã, quando eu pronunciar as frases que vão uni-los por toda a eternidade, eu repetirei as mesmas e significativas palavras que o Senhor disse àquele simpático jovem e à sua adorável noiva no Jardim do Éden: “Crescei e multiplicai-vos, e enchei a terra”. O Senhor não desperdiça palavras. Ele o disse com clareza.
Você não veio à terra apenas para “comer, beber e se divertir”. Você veio conhecendo totalmente suas responsabilidades. Você veio para obter um corpo mortal que pudesse ser aperfeiçoado, imortalizado, e você sabia que devia agir em parceria com Deus para prover corpos para outros espíritos que igualmente ansiavam por vir a esta terra com propósitos dignos. Por isso, vocês não postergarão a geração de filhos. Os racionalistas vão dar-lhe inúmeras razões para que adiem. É claro que será mais difícil, com uma família, obter um diploma ou estabilidade financeira, mas sua força será indomável diante de obstáculos difíceis. Criem sua família à maneira do Senhor. É claro que será caro, mas vocês encontrarão um meio. E, além disso, são os filhos que crescem com responsabilidades e em meio a dificuldades que sempre levam o mundo à frente. E, João e Maria, não limitem sua família como faz o mundo. Tento imaginar onde eu estaria hoje se meus pais tivessem decidido que um ou dois filhos eram suficientes, ou que três ou quatro era tudo quanto podiam sustentar, ou que mesmo cinco seria seu limite, pois sou o sexto de onze filhos. Não pensem que amarão menos os últimos ou que terão menos bens materiais para eles. Talvez, como Jacó, vocês amarão o décimo-primeiro mais que todos. Jovens, criem sua família, amem-na, sacrifiquem-se por ela, ensinem-lhe retidão e vocês serão abençoados e felizes em todos os dias de sua vida eterna.
Mas, João e Maria, há um elemento indispensável nessa felicidade que almejam. Devem existir fidelidade e confiança. João, você teve a oportunidade legítima e adequada nestes últimos anos de procurar uma esposa neste mundo, de namorar várias garotas, compará-las, sopesar suas virtudes e atrativos e, finalmente, de todas elas você escolheu a Maria como aquela com quem você deseja estar para sempre. Ela é aquela que reuniu todos os atributos de perfeição a seus olhos, e merece então não apenas ser sua adjutora, mas também a mãe de sua posteridade. Você construiu para ela um pedestal e a colocou ali e nunca permitirá que qualquer outra ocupe esse lugar que é dela. Ela é a sua rainha, sua parceira e seu amor por toda a eternidade.
E você, Maria, teve o mesmo privilégio de comparar todos os rapazes que a cortejaram, e você escolheu o João como o melhor entre eles, o companheiro mais desejável, para ser seu marido e pai de seus filhos, e agora, tendo feito a escolha, ela é definitiva. Você ergueu um pedestal no qual colocou o João, e nenhum outro deve jamais ocupar esse lugar que é dele. Nunca mais você olhará para outro homem como olhou para o João, pois ele é agora seu companheiro, namorado e marido por toda a eternidade.
De agora em diante, vocês nunca divagarão, seus pensamentos nunca se desviarão e, de maneira muito literal, vocês se guardarão um para o outro apenas, em mente, corpo e espírito. Vocês se lembram de que o Senhor Jesus Cristo disse:
“Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério; mas eis que vos digo que quem olhar para uma mulher para a cobiçar, já terá cometido adultério com ela em seu coração” (Mateus 5:27–28).
Isso pode ser parafraseado também da seguinte maneira: "Aquela que olhar para um homem para o cobiçar, já terá cometido adultério com ele em seu coração”. Além disso, quero dizer-lhes que o flerte que envolva uma pessoa casada, mesmo que o considerem inocente e sem conseqüências, é um caminho que pode levar à queda. Um grande número de divórcios tem se originado da infidelidade de um ou de outro parceiro. Portanto, vocês podem entender a importância de se dar ouvidos a essa advertência e de evitar estritamente até mesmo a aparência e o caminho do mal.
João e Maria, sendo humanos, vocês poderão ter algum dia diferenças de opinião que resultem até em pequenos desentendimentos. Nenhum de vocês deve ser infiel ao outro a ponto de se dirigir a seus pais ou amigos para discutir com eles essas questões. Isso seria uma grosseira deslealdade. Sua vida íntima é particular e não pode ser compartilhada com outros nem confidenciada a ninguém. Vocês não podem pedir apoio a seus parentes, mas devem resolver entre si suas dificuldades. Suponham que um tenha magoado o outro, palavras indelicadas tenham sido proferidas; que corações estejam despedaçados e que um dos dois pense que o outro tem toda a culpa. As horas passam sem que nenhum nem outro faça algo para curar as feridas. Cada coração palpita em desespero à noite, e um dia de amargura, insensibilidade e mais incompreensão se segue. As ofensas vão se acumulando, até que um advogado é contratado, o lar se desfaz e a vida dos pais e dos filhos fica destruída.
Mas existe um bálsamo que cura, se aplicado a tempo, e que em poucos minutos faz voltar a sanidade à mente e que faz saber que, com tanta coisa em jogo – o amor, vocês mesmos, sua família, seus ideais, sua exaltação e sua eternidade – não se podem dar ao luxo de correr riscos. Cada um vai precisar engolir o orgulho com coragem. Você, João, diria: “Maria, querida, me desculpe. Não tive a intenção de magoá-la. Por favor, perdoe-me”. E você, Maria, responderia: “João, meu amor, a culpa foi muito mais minha do que sua. Por favor, perdoe-me”. Então, vocês se abraçam e a vida toma seu curso correto outra vez. E finalmente, ao se recolherem à noite, tudo é esquecido, e ao fazer sua oração familiar, desaparece todo o abismo que existia. Nesse momento, vocês podem agradecer ao Senhor pela coragem e força que Ele lhes concedeu para evitarem uma calamidade iminente. E com essa coragem e determinação, vocês descobrirão que os mal-entendidos vão diminuir e, embora possam recorrer em intervalos de semanas, esses passarão a ser de meses e depois anos, até que finalmente vocês terão aprendido a mesclar suas vidas, banindo para sempre as tão desastrosas trivialidades.
Mas amanhã será um dia cheio e glorioso. Vou encontrá-los no templo, na bela sala toda branca, que representa a pureza. As paredes do templo vão isolá-los dos ruídos do mundo externo. Lá, em doce harmonia, a cerimônia irá uni-los por toda a eternidade. Seus familiares e amigos mais próximos estarão lá e, com vocês, alcançarão elevados níveis espirituais, naquele que é o céu na terra.
E quando encerrarmos a cerimônia, vocês dois deixarão aquele recinto sagrado, tendo o pensamento em um elevado plano espiritual, “apenas um pouco abaixo dos anjos”. De mãos dadas, com os olhos voltados para a luz, sairão para conquistar, edificar, amar e exaltar um ao outro e sua família.
Até amanhã, João e Maria, e que Deus os abençoe sempre.

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