Experiência pessoal compartilhada por Richard Cracroft, professor de literatura inglesa, em um devocional da BYU, em 29 de junho de 1993
Modelo do Passo no Escuro
Um dos padrões que têm me guiado ao exercer fé pessoal me atingiu pela primeira vez no olho direito quando eu era um jovem missionário. Somente mais tarde compreendi que o modelo do Um Passo No Escuro ocorre freqüentemente nas escrituras e em nossas vidas diárias. O Presidente Harold B. Lee bem definiu isto quando nos ensinou a “andar nos limites da luz, e talvez dar alguns passos no escuro, e você descobrirá que a luz aparece e anda a sua frente” [citado por Boyd K. Packer, The Holy Temple (Salt Lake City: Bookcraft, 1980), p. 184]. Aquele passo no escuro é a chave de ignição para um ato de fé. Assim, o irmão de Jarede preparou 16 pedras, e na escuridão da mortalidade, mas com o brilho da fé, pediu: “Portanto, com teu dedo toca estas pedras, ó Senhor, e prepara-as para que brilhem na escuridão.” (Éter 3:4) E o Senhor inundou Mahonri Moriâncumer e seu povo com sua luz. Este é o padrão: a fé precede os milagres, assim como quando Pedro esqueceu-se de si mesmo e deu um passo na escuridão ao caminhar sobre o mar. ( V. Mateus 14:29)
A lente de Contato
Assim foi, em menor extensão, mas não menos importante para mim, quando, em uma tarde chuvosa de verão em 1958, eu inadvertidamente dei meu primeiro Passo No Escuro enquanto batia portas em uma estrada de pedregulhos, na encosta de um morro em Baden, Suíça. Ao caminharmos de casa em casa, eu fui abatido por uma fumaça de poeira em meu olho direito. Como alguém que estava usando lentes de contato por apenas 5 dias, e sendo as lentes novas em folha, aprendi que uma pequena partícula de qualquer coisa parecia uma viga nos olhos. Eu rapidamente retirei a lente, limpei-a, e preparei-me para recolocá-la. Ao levantar o dedo para colocar a lente, uma rajada de vento varreu-a da ponta de meu dedo. Minha lente foi levada pelo vento, e eu fiquei aterrorizado — e cego, passando instantaneamente a um grau altíssimo em um olho que tinha sido milagrosamente corrigido havia apenas uma semana.
Élder Neil Reading e eu começamos a procurar com as mãos, ajoelhados no pedregulho molhado, varrendo um raio de 2,5 metros desde meu ponto de perda. Procuramos sem sucesso por vinte minutos. Metade cego e metade desesperado, sugeri que, como já estávamos em posição, deveríamos orar. Eu conversei com o Senhor. Disse-lhe sobre minha necessidade de enxergar; sobre nossa necessidade de encontrar as três famílias de pesquisadores naquela noite, sobre os sentimentos que tinha de que havia mais a ser aprendido quando encontrasse as lentes do que qualquer outra coisa que teria a aprender com aquela perda. Ao concluir a oração, levantei-me, e recebi um daqueles “influxos de inteligência” descrito por Joseph Smith. Fiquei surpreso, mas reagi imediatamente. Explicando o plano ao meu companheiro perplexo, fiquei de pé no mesmo local em que estava antes, retirei a outra lente, imergindo em total cegueira. Assim, dei meu passo no escuro.
Certo de que meu companheiro estava de joelhos naquele momento e pronto para qualquer coisa, coloquei a lente em minha boca, retirei-a, e colocando-a em meu dedo a alguns centímetros de meu rosto, esperei – mas não por muito tempo. Uma leve brisa carregou minha lente, e sumiu: meu passo no escuro estava agora completo. Eu permaneci imóvel, coração na garganta, até que o Élder Reading disse: “Eu a vejo. Ela ainda está no ar.”
“Não a perca”, implorei.
“Ainda está no ar”, ele sussurrou, agora a mais de 3 metros de distância. Então, ainda mais distante, ele exclamou: “Começou a cair!”
“Não a perca de vista” implorei de novo.
“Eu a vejo! Eu a vejo!”, ele disse. Houve uma longa pausa e então: “Minha nossa! Minha nossa!”
Eu fiquei ansioso.
“Minha nossa”, ele disse, “ela caiu, e...” — pausa... pausa... — “... ela caiu quase em cima da outra lente!”
“Você vê a outra?”, gritei.
“Sim, está bem aqui!”
Incapaz de ver qualquer coisa, eu rastejei até ele. Lentamente, ele colocou em minha mão, nesta ordem, minhas lentes direita e esquerda – minhas pedras videntes. Molhei as lentes e, de costas para o vento e protegido pelo meu companheiro, eu as coloquei: “E houve luz, e vi que estava bom.” E ajoelhamos. Cheios de gratidão, agradeci a nosso Deus por sua doce misericórdia. Seguimos, então, à próxima casa, maravilhados com Deus, que conhece o paradeiro de cada pardal e a exata localidade da lente de contato direita do Elder Cracroft, na Suíça.
sábado, 16 de maio de 2009
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